Como condição intrínseca à essência do homem, buscamos constantemente o contato com a natureza, independente das qualidades físicas ou geográficas nas quais nos encontramos. Cada vez mais afastados da natureza dita selvagem, articulamos meios e estratégias para que ela ainda se mantenha presente em nosso cotidiano, mesmo que seja por ínfimos instantes.
Nesse sentido, existem inúmeras maneiras pelas quais se faz possível domesticar a natureza, gesto que acompanha a história da humanidade, sempre desafiando limites técnicos e causando fascínio. Os jardins internos verticais são um exemplo disso.
Há quem diga que o primeiro jardim vertical da história é o conhecido Jardim Suspenso da Babilônia. Segundo a lenda, um rei ordenou erguer plataformas muito altas sustentadas por pilares de pedra e as encheu com diferentes tipos de plantas criando um paraíso suspenso e rendendo a perspectiva exata de uma região montanhosa, tudo para satisfazer sua rainha que apreciava este tipo de paisagem. Realidade ou não, o fato é que o culto pela domesticação da natureza sempre esteve presente no imaginário do homem das mais diversas maneiras.
Atualmente, quando se fala em jardim vertical, as imagens que temos como referência nada se comparam a magnitude de uma maravilha do mundo antigo, entretanto, elas dizem respeito ao nosso modo de vida atual, assim como a nossa própria relação com a natureza.
Enfatizando um grande sinal dos nossos tempos, a falta de espaço, os jardins verticais em ambientes internos têm assumido um importante papel para tornar a natureza presente mesmo em ambientes muito reduzidos. A despeito das suas pequenas dimensões, as paredes verdes, como também são conhecidos, continuam trazendo benefícios como controle da temperatura ambiente, diminuição da poluição sonora, aumento da umidade do ar etc. isso sem falar sobre as condições de bem-estar psicológico geradas pela proximidade com a natureza.
Entretanto, a arquiteta paisagista Laura Rotter, à frente do escritório Giz de Terra, afirma que, apesar dos jardins verticais serem soluções extremamente elegantes e de alto impacto visual e biofílico em ambientes internos, exigem a observação de algumas questões para garantir seu sucesso em termos de durabilidade e funcionalidade.
Segundo a arquiteta, a irrigação automática é primordial pois garante a quantidade ideal de água levando em conta as condicionantes específicas daquele jardim. Uma parede verde sem irrigação necessita de regas quase que diárias e pode ter seu investimento perdido em casos de privação ou excesso de água. O segundo fator essencial a ser observado é a escolha das espécies vegetais. É indispensável uma análise detalhada das condicionantes locais, considerando as mudanças decorrentes das estações do ano ou das dinâmicas daquele ambiente como: insolação, correntes de vento, temperatura, umidade relativa do ar, acesso para manutenção, variabilidades, entre outras. Como o próprio termo diz, por ser domesticada, a natureza requer cuidado especial, já que, optar pela utilização de plantas nas paredes internas dos ambientes é muito diferente do que escolher um material estático. Elas possuem necessidades específicas que devem ser respeitadas para seu desenvolvimento saudável e duradouro.
Levando isso em conta, selecionamos a seguir diferentes tipologias de projetos contemporâneos que utilizam os jardins verticais internos como parte da sua composição, mostrando que qualquer esforço é válido para se ter a natureza mais perto, independente da escala.
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